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Da Redação

Por onde você anda, Rita Cazergues?


O meu nome é Rita Cazergues. Nasci em Guaxupé em 5 de agosto de 1970. Tenho 52 anos. Sou a primogênita de sete irmãos. Filha de Antônia Aparecida Silva (dona de casa) e Alcides Oliveira, mais conhecido como Da Lua Padeiro. Neta de Alfredo de Oliveira, que era dono da Padaria Santa Rita, e de Celino Silva, muito conhecido na cidade. Meu avô era turmeiro e trabalhava para todos fazendeiros da terrinha. Era guarda-noturno do Tiro de Guerra.

Vivi toda minha infância em Guaxupé. Dos 9 aos 17 anos morei com meus avós: vô Celino e vó Maria. Eles foram muito especiais para mim. Me proporcionaram uma infância e uma adolescência com muito carinho e amor. Na minha adolescência, não perdia um baile e nem carnaval no Clube Guaxupé. Nos finais de semana, marcava presença no Country Club. E, ao entardecer, os bate-papos nos bambolês da Av. Conde Ribeiro do Valle não podiam faltar. Bons tempos.



Com 16 anos comecei a trabalhar. Me lembro como se fosse hoje. Era para uma loja de Mococa: Comercial Rober Ltda. Comecei fazendo pacotes de presentes. Logo em seguida, passei a ser vendedora. Trabalhei com pessoas maravilhosas com quem tenho contato até hoje. Laboratório Guaxupé como Dra. Regina e Dr. Jairo Avelar. Depois fui secretária em escritório de advocacia e também trabalhei em perfumaria.

Um dia resolvi trabalhar para mim mesma e fui ser sacoleira. Ia uma vez por mês fazer compras em São Paulo. Lembro-me que para ir sempre pegava carona com alguém e voltava de ônibus. Passei muitos perrengues nesta época. Mesmo assim consegui abrir uma lojinha em casa. Também foi um sufoco, pois estudava e trabalhava. Era um corre-corre, mas graças a Deus passou. Tudo passa.


Estudei no Parque Infantil. Minha primeira professora foi a Diana Puntel. Depois fui para o Grupo Delfim e lá a Dona Carlota Damito era a professora da primeira série. Saí do Delfim e fui para o Queridinha onde a Dona Lila era a diretora. Em seguida, fui para o Polivalente, onde a Meíta foi minha professora. Que delícia me lembrar desta época tão boa. A Dona Cida Bolonha era nossa diretora. Depois foi a Elizete Mendes. Tive muito bons professores como o Ismar Braz Gomes, Ronaldo Pelozzo que se tornou um grande amigo, professor Fernando de Oliveira Corsi e o Geraldo, com quem eu amava falar em Inglês (in memorian). Há muitos outros! Se eu pudesse, falaria de todos.


Quando terminei meus estudos de contabilidade, resolvi ir embora para São Paulo. Eu queria cursar jornalismo. Meu sonho era falar línguas e viajar. Fui com a cara e a coragem buscar meus sonhos, tentar uma vida melhor! E lá pude contar com meus amigos tão queridos: a Mayra Cury e o Cristiano Russo Zerbini que me ajudaram muito. Sou grata a eles para sempre. Até tentei passar em vestibular, mas meus projetos tomaram outros rumos. Acabei encontrando um trabalho em uma consultoria de RH Headhunting Et Outplacement. Sfrh. Trabalhei com Simon Franco, um dos maiores headhunters de São Paulo. Enquanto estava na empresa, fiz muitos cursos. Bastava ver um anúncio e lá estava eu: computação, secretariado, línguas, moda e costura, estética e até de modelo! Em 1997, terminei o meu curso na FAMESP e logo comecei a estudar inglês. Eu acredito que tudo que possa nos trazer conhecimento é válido.



Em São Paulo fiz muitos amigos. Lá encontrei meu esposo. Ele era cliente na empresa onde eu trabalhava. Um francês, jovem, solteiro e acabava de chegar ao Brasil. Ele era DG de um grupo francês. Namoramos 3 anos e em 2000 nos casamos. E não tardou muito para a primeira experiência de expatriada. Fomos transferidos para a Argentina, Buenos Aires. Amei, lindo país. Os argentinos sempre foram muito simpáticos conosco. Lá fizemos vários amigos. Aproveitamos para conhecer toda América Latina. Éramos jovens, sem filhos. Só aventuras!

Quando moramos em Buenos Aires, aproveitei para estudar espanhol e francês, ao mesmo tempo, na Aliança Francesa. Dois anos mais tarde lá vamos nós transferidos para França, Paris.


No começo sofri um pouco por deixar a América do Sul e ir para a Europa, Uau! Que mudança! Um choque cultural. Primeiro a língua, o clima, a educação e como vocês sabem, os franceses, em geral, são um pouco frios! Eles seguem uma educação rígida. Eles mesmos falam!


Não deixei a peteca cair, pois sempre pude contar com meu esposo. Somos amigos, parceiros de aventuras, conversamos sobre tudo e temos o relacionamento que sempre sonhei. Ele está sempre apoiando os meus projetos. É muito companheiro e tem orgulho de mim.


Na França continuei meus cursos por mais dois anos. Mais tarde tivemos nossa primeira filha, a Kléo. Eu não queria trabalhar. Queria me ocupar dela! Então encontrei uma atividade para fazer. Fui dar aula de catecismo na Igreja de Sant Lambert, no 15 arrondissement de Paris. Morávamos do lado.


Em seguida veio o nosso segundo filho, o Matheo, e não tardou para uma nova aventura: outra expatriação. Desta vez, África, Angola. Eu não imaginava como poderia ser! Lia tudo que podia sobre o lugar para onde iríamos e eram notícias de arrepiar: corrupção, pobreza, ebola, Aids. Mais negativo não tinha! Pensei: Quer saber? Vamos que vamos!

O Mathéo tinha apenas um mês quando chegamos em Angola. Tive sim, um pouco de medo, mas fomos muito bem recebidos e alojados. Fizemos amigos de muitas nacionalidades. Confesso que em três semanas já estava acostumada. Comecei a trabalhar como voluntária no Mécénat Chirurgie Cardiaque que se ocupa das crianças com cardiopatias. Eu me ocupava dos traslados das crianças para a França. Foi uma experiência maravilhosa dar meu tempo por uma boa causa.


Algum tempo depois, descobrindo o país, eu me encontrei com aqueles lindos tecidos coloridos. Fiquei alucinada, ainda mais por descobrir que eu podia encontrar uma mão de obra de excelência. Desenhei um vestido e contratei um costureiro para trabalhar para mim em casa. Em 2 horas ele fez meu vestido.


No dia seguinte, fui levar minha filha na escola francesa. As outras mães, as professoras, ficaram loucas querendo saber quem havia feito aquele vestido, onde comprei, etc... etc...

Muito bem confeccionado, o vestido foi um sucesso e uma das mulheres pediu que eu fizesse um para ela. A “cliente” era um pouco cheinha e não encontrava sempre o que queria. É aquela história. Acertei em cheio! Foi um sucesso. Pensei comigo: por que não ensinar o que sei para eles? Um pouco da modernidade européia e brasileira. Sempre achei que não foi por acaso que fomos viver na África. Devo ter uma missão para cumprir. Confesso que aprendi muito com eles e vice-versa. Foi assim que tudo começou. Na semana seguinte eu já tinha umas oito clientes e dois costureiros trabalhando em minha casa.

Por que Chez Rita? Il faut aller chez Rita, (temos que ir na casa da Rita). Assim surgiu Chez Rita! O creations veio mais tarde quando fiz meu primeiro desfile de modas para a comunidade francesa, na Escola Francesa de Luanda. Foi um sucesso! Fiquei conhecida.



Dois anos mais tarde fomos para o Congo, Kinshasa. E vamos lá ter que recomeçar tudo de novo. Encontrar bons profissionais para trabalhar, novos clientes, montar um novo showroom. Desta vez foi mais fácil! Reencontramos alguns amigos de outras expatriações e foi muito rápido! Fiz vários desfiles de moda. Criei roupas para vitrines, exposições, para jornalistas e apresentadores de televisão. Participei de vários projetos com escolas de costuras, com clubes de caridade.


Nesta trajetória, tive alguns momentos difíceis, pois a África ainda tem o atraso de duas gerações. Não podemos esquecer que estiveram em guerra por mais de 30 anos e 40% de uma população que só fala o dialeto local e não a língua oficial. Por isso, continuo a trabalhar até hoje. Participo de grandes projetos caritativos, com grandes personalidades para ajudar instituições. Ajudo Igrejas, irmãs de caridade. Participei de um projeto com o Embaixador do Brasil no Congo, Paulo Uchoa, e Caroline de Mónaco. Fiz um desfile de modas com o embaixador do Brasil e a embaixatriz da Espanha para arrecadar fundos para levar água corrente para um orfanato. Foi um sucesso! Todas as autoridades de todos os países que viviam lá estavam presentes. No dia seguinte, revistas, jornais e TV destacavam o Brasil em Kinshasa.


A paixão pela costura já era de pequena! Quem me conhece sabe que eu sempre desenhava e criava as minhas próprias roupas. As costureiras de Guaxupé sabem do que estou falando: Vilma Silva, Néia Pallos, Dona Ivone Elias! Cada baile um vestido diferente. A minha mãe sempre me relembra as roupinhas que eu fazia para minhas bonecas.


Meu desejo é sempre dar o melhor de mim e fazer o melhor durante minha carreira profissional. Hoje continuo estudando, procurando estar atualizada, pois o mundo da moda é muito competitivo. Uma boa formação é essencial para que um profissional se destaque e demonstre ao mercado a sua capacidade de atuação. É muito importante que haja o conhecimento técnico e a vontade de pôr o aprendizado em prática. Continuo com as minhas viagens e buscas pelo aprimoramento e para o enriquecimento das minhas vivências.

Tenho saudades do Brasil, de Guaxupé, mas por enquanto meu lugar é aqui ou outro qualquer, onde eu possa estar junto com meu marido, minha filha e meu filho.


Quero deixar meu recado aos leitores da Revista Mídia, em especial aos jovens que por um motivo ou outro, pensam em sair de Guaxupé em busca de novos horizontes: Nunca desistam dos seus sonhos! O que define o seu destino não são suas condições e sim suas decisões. Muitas vezes, os caminhos tortos que temos que percorrer são o que nos levam à realização dos nossos sonhos. Eu não cursei jornalismo como era meu sonho inicial, mas hoje amo o meu trabalho! Falo quatro línguas, tenho a nacionalidade francesa. Viajando já conheci dezenas de países. Sempre estou conhecendo pessoas maravilhosas e importantes.



O sol nasce e brilha todos os dias e com ele novas oportunidades surgirão e diferentes portas também, porque cada amanhecer é um recomeço para nossas realizações.

Como toda pessoa que gosta de viver, eu ainda tenho sonhos: peço que Deus continue me dando saúde e forças para eu continuar meus trabalhos na moda e no voluntariado, no Moçambique, em Maputo, onde estamos vivendo agora.


Já tenho um projeto para 2023: montar uma escola de costura para meninas de rua. E assim vou vivendo, trabalhando, favorecendo muitas pessoas com meu trabalho, minhas ações de caridade e, o principal, uma grande aventura de paz e amor junto à minha família que tanto amo e junto a centenas de pessoas amáveis por todos os lugares que moramos.


Quero parabenizar a Meíta pelo seu trabalho junto a Revista Mídia e agradecer pelo privilégio de ter recebido o convite e assim dividir um pouquinho da minha história que se iniciou na tão amada Guaxupé. Eu sempre acompanho a coluna e fiquei feliz por ser lembrada e poder participar. Obrigada!


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