Anvisa determina retenção de receita para venda de canetas emagrecedoras como Ozempic, Wegovy e Saxenda
- Da Redação
- 16 de abr.
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A partir de agora, a venda de medicamentos utilizados para o emagrecimento, como Ozempic, Wegovy, Saxenda e similares, só poderá ser realizada mediante retenção obrigatória da receita médica. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (16) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como forma de intensificar o controle sobre o uso dessas substâncias.
Esses medicamentos já pertencem à categoria de tarja vermelha, o que significa que, por lei, só podem ser adquiridos com prescrição médica. No entanto, na prática, a exigência da receita nem sempre era cumprida, facilitando o acesso irregular por parte de pessoas que buscavam emagrecimento rápido, sem acompanhamento profissional.
A medida foi tomada após uma solicitação formal do Conselho Federal de Medicina (CFM), que publicou uma carta alertando sobre a necessidade de reforçar o controle na prescrição e no consumo desses remédios, que vêm sendo cada vez mais utilizados para finalidades estéticas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas vivem com obesidade no mundo. No Brasil, 56% da população adulta está com sobrepeso ou obesidade, números que reforçam a urgência no enfrentamento deste problema de saúde pública, que envolve fatores genéticos, sociais, culturais e ambientais.
A obesidade está associada a diversas complicações, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e hepáticas, além de reduzir significativamente a expectativa de vida. Por isso, medicamentos que atuam na perda de peso se tornaram uma alternativa terapêutica relevante, especialmente diante do número reduzido de opções farmacológicas disponíveis.
Como funcionam os medicamentos usados para emagrecer
Medicamentos como Ozempic e Wegovy, originalmente desenvolvidos para tratar diabetes tipo 2, contêm a substância semaglutida, que também se mostrou eficaz no controle da obesidade. Já os medicamentos Victoza e Saxenda são baseados na liraglutida, outra substância com efeitos semelhantes.
Essas drogas atuam imitando a ação do GLP-1, um hormônio produzido pelo intestino que regula a saciedade e a glicemia. Elas atuam em três principais frentes:
• Hipotálamo, aumentando a sensação de saciedade;
• Fígado, reduzindo a produção de glicose;
• Pâncreas, estimulando a liberação de insulina.
Na prática, esses efeitos contribuem para uma redução no consumo calórico entre 30% e 40%, dependendo da dosagem. Estudos apontam que a perda de peso com esses medicamentos pode chegar a 17% da massa corporal em um ano, número comparável ao de cirurgias bariátricas.
Acompanhamento médico é essencial
Especialistas alertam para os riscos do uso indiscriminado dessas medicações. Segundo a médica Cynthia Valério, diretora da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), o uso inadequado — sem orientação médica e com dietas restritivas — pode resultar em desnutrição e perda acentuada de massa muscular, especialmente entre pessoas sedentárias.
“É essencial que o paciente mantenha uma ingestão adequada de proteínas durante o tratamento. O uso recreativo ou estético, sem acompanhamento, pode ter impactos catastróficos na composição corporal”, afirma a especialista.
Quem não deve usar?
As canetas de semaglutida e liraglutida são contraindicadas nos seguintes casos:
• Alergia a qualquer componente da fórmula;
• Histórico de pancreatite;
• Casos pessoais ou familiares de carcinoma medular da tireoide (CMT);
• Gestantes e lactantes.
Efeitos colaterais mais comuns
Os principais efeitos adversos relacionados ao uso das canetas estão ligados ao sistema gastrointestinal, sendo náuseas e vômitos os sintomas mais frequentes. Por conta disso, muitos associam a perda de peso exclusivamente a esses efeitos, o que não corresponde ao real mecanismo da medicação.
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